A Associação de Produtos Florestais do Canadá diz que a procura por papel higiénico disparou tendo aumentado 241% durante a pandemia de COVID-19.

O presidente da associação, Derek Nighbor, disse à comissão de finanças da Câmara dos Comuns que a indústria de produtos florestais raramente passa por um acontecimento destes.

Nighbor disse que o sector está a conseguir fornecer celulose suficiente para produzir toalhas de papel, máscaras protectoras e aventais hospitalares.

Também está a fornecer pellets, biocombustíveis e energia verde que alimentam sistemas de aquecimento e redes de energia locais.

Enquanto Nighbor considerou o aumento da procura de papel higiénico “um pouco anómalo”, este não vai durar, tendo indicado também que o fornecimento de produtos à base de celulose está sujeito a complicações no futuro, à medida que serrações por todo o país fecham devido ao colapso induzido pela pandemia.

Trinta e nove serrações fecharam temporariamente, retirando milhares de pessoas dos seus postos de trabalho e reduzindo o fornecimento de aparas de madeira necessárias para fabricar a pasta de celulose.

“A existência desses produtos essenciais, só é possível devido às fábricas de pasta de celulose, mas com o encerramento das serrações, estas fábrica estão a começar a ficar afectadas. Pois não conseguem adquirir as aparas de que precisam para fabricar os seus produtos, e algumas destas fábricas começam também a anunciar períodos de inatividade”.

Com escritórios, lojas e escolas fechadas e receitas em queda na indústria publicitária, Nighbor referiu que as fábricas de celulose também sofrem com o colapso da procura por papel de jornal entre outros tipos de papel.

Por enquanto, a maioria das serrações encerradas – 24 das 39 – pertencem à Colúmbia Britânica. Mas Nighbor disse: “À medida que isto se arrasta, estou cada vez mais preocupado com as questões de capacidade no leste”.

Nighbor disse também que as medidas de ajuda de emergência tomadas pelo governo, para ajudar as empresas a enfrentar a tempestade, foram poucas para o setor.

Tendo dado o exemplo do programa de subsídios salariais de 75%, que deixa “uma grande maioria de agentes do sector e dos nossos trabalhadores à parte”.

Nighbor referiu ainda que muitas empresas operam várias fábricas diferentes e, geralmente, não sofreram ainda um decréscimo significativo nas suas receitas de modo a poderem candidatar-se aos subsídios salariais. Em vez de basear a elegibilidade por meio da facturação de uma empresa, ele desafiou o governo a adoptar uma abordagem “fábrica por fábrica (caso a caso)”, prevendo que manteria milhares de funcionários no exercício das suas funções.

Sugeriu também que as empresas cujas receitas tenham diminuído em valores abaixo de 10 ou 15%, se pudessem qualificar para um subsídio salarial menor de 40 ou 50%.

Foi também mencionado que a maior preocupação do sector é a falta de liquidez para gerir o aumento dos custos operacionais, já que os preços dos produtos estão “em queda livre”. O sector não está convencido de que os programas federais de empréstimo comercial disponíveis sejam suficientes e que os credores devem estar dispostos a correr mais riscos que os bancos que estão a restringir financiamentos.

“A nossa indústria não está à procura de um resgate”, disse Nighbor. “O que procuramos é um melhor apoio ao fluxo de caixa para manter os negócios em funcionamento nos próximos dois ou três trimestres que se adivinham difíceis”.

A Comissão ouviu também Mary Robinson, presidente da Federação de Agricultura do Canadá, que alertou para a escassez de mão-de-obra agrícola, custos inesperados induzidos pela pandemia, interrupções na cadeia de abastecimento e a fraca capacidade entre os processadores de alimentos estão a corroer a confiança de que os agricultores precisam para investir nas suas culturas ou na manutenção de gado – “decisões que devem ser tomadas agora e afectam diretamente a população e a disponibilidade e acesso aos alimentos no final deste ano. ”

Sem ajuda federal imediata, disse Robinson: “Os consumidores canadianos podem observar uma diminuição na quantidade e variedade de alimentos disponíveis, bem como preços mais elevados nos próximos meses”.

Robinson pediu um fundo federal de emergência flexível especificamente para os agricultores, acesso prioritário a equipamentos de proteção individual para trabalhadores agroalimentares e medidas para incentivar os canadianos a trabalhar em fazendas e fábricas de processamento de alimentos. Pediu ainda que governo melhore os programas existentes de estabilização de renda e apoio aos agricultores.

Robinson também frizou o pedido de longa data dos conservadores, para que o Governo Federal isente os agricultores da taxa de carbono.

Fonte: “The Globe and Mail